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O papelão da Bela Cintra
Foto ganha destaque em trabalho de fotografia cuja categoria são formas geométricas. |
Mais
um dia de aula na universidade e a temível entrega de um trabalho de
Fotografia. “Vale nota?”, “É pra enviar até quando?”, “Será
que ela (a professora) vai aceitar fora do prazo?” estas e outras
tantas perguntas não paravam de surgir antes do dia chegar. Mas ele
chegou e é hora de ver o resultado. Primeiro aquele baque de saber
que valia 7,0 pontos logo de cara para um primeiro trabalho sem
experiência alguma com a matéria, em seguida ver que eu havia
tirado 5,0 pontos. Está bom, afinal eu fiz o trabalho em menos de 30
minutos (professora já te falei que você é linda? Não leia isso,
obrigado, de nada), isso aconteceu por que o trabalho consistia em
tirar 12 fotografias com o tema “Minha Rua” e eu só me lembrei
no dia da entrega. Eram 12 fotos divididas em 6 temas de acordo com a
matéria, duas de cada tema.
Eu
já havia saído de casa com destino a Rua da Consolação, e quando
lembrei do trabalho já estava quase chegando. Caminhava pela rua
Bela Cintra quando peguei o celular e andando mesmo comecei a bater
fotos de tudo o que via, e depois eu faria a classificação de
acordo com os temas para enviar por e-mail para a professora. Em
minha concepção as fotos estavam boas ainda mais para um trabalho
feito em cima da hora e sem nenhum preparo. Prédios espelhados, ruas
arborizadas, pontos de ônibus bem focalizados, e até composição
de luz e sombras tinha. Cheguei, nomeei os arquivos e enviei. No dia
da aula, a professora iria apresentar as melhores fotos de cada um de
acordo com o tema. Eu estava confiante.
Passou
o tema um, várias fotos interessantes, tema dois e mais fotos
bonitas, coloridas e tudo mais. Chegou o tema três: formas. Aparece
meu nome e a fotografia escolhida é a de um papelão. Oi?
Professora, isso tá certo? De fato eu havia tirado a foto de um
papelão na pressa, mas dentre 12 fotos e aparentemente 11 boas ela
escolheu a do papelão para mostrar pra turma? Não acreditei, mas...
ainda recebi ponto positivo, pois a ideia do trabalho não era o que
fotografar, mas o como fotografar. Bom, fotografia é assim mesmo te
surpreende e tudo pode ser fotografado, ponto para todos nós.
Apesar
de não desprezar mais a fotografia do papelão, não é justo a rua
Bela Cintra que tão famosa e arborizada seja representado por ele,
afinal eu ando muito por ela. Então aqui vai nossa singela
homenagem.
A
história da rua
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Bela Cintra na década de 20 |
Por
volta do século XVIII, Bela Cintra era o nome de uma chácara
localizada no mesmo logradouro. Em 1880, as terras foram adquiridas e
uma colônia de portugueses foi instaurada. Poucos anos depois o
local passou a fazer parte da malha ferroviária da cidade. Em 1916,
agora já como rua, o nome Bela Cintra é oficializado.
Localizada
no distrito de Consolação, tendo início na Rua Estados Unidos e
terminando junto à Rua Antônia de Queiroz. Entre ladeiras e descidas
a rua guarda muita história de famílias de várias nacionalidades
que ali já habitaram.
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Bela Cintra na década de 30 |
Depoimentos
“Nossa
casa de tijolos a vista e lírios amarelos era maravilhosa. Uma
árvore Sibipiruna cheia de taturanas enfeitava a frente dela. Tempos
estupendamente felizes. Tenho até hoje, guardado em minha memória
olfativa, todos os cheiros da infância. (...) Como era mão para
subir, a velocidade era reduzida, então havia tempo de corrermos!
(…) Morei ali até 1972. Tempo em que vizinhos eram amigos, as
pessoas tinham o hábito do respeito, havia educação, ninguém
fazia da rua uma grande lata de lixo... Tudo isso apesar da ditadura
militar!” - Maria Aparecida Cunha para o São Paulo Minha Cidade.
“ (…)
pois, mesmo com poucos carros e pessoas na década dos 30, a Bela
Cintra tinha uma vivacidade inesquecível, com muitas coisas boas e
belas para todos seus moradores”. - Hebe Lage para o São Paulo Minha Cidade.
“Representa
a minha vida, meu endereço sempre foi esse desde que nasci, e
sinceramente não consigo me imaginar em outro lugar.
É
a rua mais bonita dos Jardins. Se
essa rua pudesse falar, muito teria o
que dizer
sobre mim, mas uma situação engraçada foi
descer correndo debaixo de um dilúvio dividindo o guarda chuva com meu amigo, acho
que foi a cena mais engraçada que já presenciei na minha vida. O
tempo é nosso professor”.
-
Simone
Melo
A
Simone
Melo, minha amiga pessoal e moradora da B.C., ainda destaca seu lugar
favorito da rua “Sem
dúvidas a padaria La Bella, quando você entra nela consegue sentir
aquele cheirinho de café que eu tanto gosto. Eles fazem o melhor pão
na chapa com requeijão que já comi em toda a minha vida Tudo é
feito exatamente como você pede, e eu sempre peço meu pão com
requeijão queimadinho em cima. E tem aquela infinidade de doces e de
pães de vários tipos. A padaria daqui é onde mais vou e a que eu
mais gosto.”
Após
esta viagem no tempo, te espero para a próxima o/